signo importa sim!

nem todo aquariano, mas talvez... nunca mais um aquariano.

Confesso que nem sempre fui muito ligada à questão de astrologia. Acho que comecei a prestar mais atenção quando as pessoas começaram a esboçar reações quando eu dividia que sou ariana com ascendente em escorpião.

A verdade é que fui me aprofundar no assunto. Apesar disso, nunca me tornei o tipo de mulher que senta na mesa e pergunta para a pessoa da frente quando ela faz aniversário. Porém, depois de alguns anos pesquisando e ouvindo falar sobre, tenho algumas questões que já entendi ser de opinião pública, como: aquarianos, quem consegue entendê-los? 

No início do ano comecei a usar um app pra date, e ele foi um dos primeiros que eu dei match, trocamos algumas mensagens e logo fomos pro Instagram. Ele demorava uns 3 dias para me responder e eu, mega desapegada da situação, acabei não levando adiante, mas achando engraçado que ele realmente parecia sempre voltar como uma tentativa de: eu sei que não estive presente, mas quero te ver

Depois de conseguir engatar uma conversa mais linear, digamos assim, resolvemos nos encontrar. Era uma quinta feira e dei a ideia de irmos em uma vermuteria artesanal que eu conhecia em Pinheiros.

Detalhe importante: era o meu primeiro date de app e eu estava no seguinte mood: tudo bem se  for ruim, porque, no fundo, eu não estava tão interessada. Eu estava mais pelo esporte, para ser bem sincera.

Ele veio me pegar em casa e quando entrei no carro,  ele abriu um sorriso que trazia de presente duas covinhas. Pensei comigo na hora: Ok, gato.

O date foi bem melhor do que eu pensei que seria: tomamos um porre de vermute e conversamos sobre tudo. No fim da noite, estávamos no carro dele, tendo uma espécie de sessão de terapia. Nos beijamos e pedi para que ele me deixasse em casa. Continuamos nos falando, e tinha alguma coisa sobre ele que eu gostava

Era um final de semana de Lollapalooza quando combinamos de nos encontrar de novo, no dia do Bink-182. Um dia que chovia muito em São Paulo. Eu estava no show e ele deveria me encontrar lá, até que nos demos conta que, por causa do trânsito e de atraso, ele não conseguiria chegar. Mas queríamos nos ver e, mesmo sendo meia noite, combinamos de ir tomar uns drinks em um bar 24 horas em São Paulo (você deve saber qual é, paulistano). 

Ele saiu de casa para me encontrar lá e, quando estava chegando, eu avisei que não conseguiria chegar a tempo em função do trânsito. Sabe o que ele fez? Foi me pegar em Interlagos. Pois é, pensa assim: a pessoa fez uma volta 360 na cidade. À uma da manhã. Tô entrando nos detalhes porque eles são importantes.

Eu, zero romântica que sou, ainda mais depois de uns 4 drinks, não me dei conta do quão legal foi a atitude dele e entrei no carro mega acelerada. Em direção ao bar, conversa vai e vem, eu largo a seguinte frase - recém solteira, não sei flertar NEM me expressar: eu gosto de você e acho que a gente deveria ser amigo. 

O coitado só não bateu o carro porque tem amor à vida, mas a cara de confusão mental foi memorável. Olhando para trás, hoje acho que falei aquilo para me defender e que foi a minha forma de dizer que gostava da companhia dele e não queria perdê-la.

Foi mais uma noite que não fomos para casa juntos depois do bar, e me lembro que ele ficou, às 4 da manhã, dando voltas em uma praça do lado da minha casa de carro. Eu até hoje não sei se ele estava esperando que eu convidasse ele para subir. Também até hoje não entendi porque ele não fez esse movimento. 

Hoje penso que ele deve ter ido embora pensando: ok, talvez ela realmente queira ser só minha amiga.

Agora aqui, vem a parte mais - não sei o que houve - de toda essa história. Continuamos nos falando esporadicamente, sobre a vida, rotina, dando risada etc. Em uma quinta feira, saí para beber com algumas amigas, fomos em um aniversário e depois para um dos nossos bares preferidos. Estou sentada na mesa, já alta, olho para o lado e quem está ali: ele

Ficamos conversando um tempo, era aniversário de uma amiga dele e ele queria "me apresentar para a galera". Ficamos falando no bar, ele sentou na mesa com as minhas amigas, eu conheci alguns amigos e amigas dele, ok. Estávamos flertando.

Lá para o final da noite ele pergunta para onde iríamos e nos convida para ir para um lugar. O lugar que, casualmente, o namorado da minha amiga estava. Topamos. Lembrem disso, ELE CONVIDOU.*

Eu estava parada em uma roda de amigos, inclusive alguns dele, quando minha amiga chega perto de mim e fala: acabei de ver o fulano tentando beijar uma menina e ela desviando.

Não lembro dizer o que eu pensei na hora, porque daí pra frente tem um blackout muito grande na minha cabeça pela quantidade de drinks tomados até então, mas essa fala fez muito sentido na manhã seguinte.

O que eu sei é: Eu deveria ter ido pra casa. Ele não deveria ter me convidado pra ir.

O lugar que fomos é uma espécie de casarão, com vários espaços diferentes: uma pista de dança com DJ, um karaokê duvidoso, um bar e outro espaço para uma jam session, que basicamente consiste em algumas pessoas improvisando um som no lugar, você literalmente pode subir com os seus amigos e tocar algo com instrumentos e etc. 

O querido cantava, ou pelo menos, achava que cantava. Enquanto ele fazia o show dele, eu estava encostada na parede com algumas amigas e com uma amiga dele do meu lado. De repente, um homem passa na minha frente e tenta conversar comigo, olho para cima e está o amigo/flerte fazendo o sinal de não.

No final da noite, e aqui sendo muito sincera: não me lembro exatamente o que eu falei para ele, mas ele lança a bomba: não posso ficar com você hoje, estou com uma amiga aqui que eu tenho um rolo.

De repente, tudo fez sentido: esse era o motivo para uma certa antipatia das amigas dele (com razão) e dele ter tentado beijar a menina no bar e ela desviar - porque deveria estar se sentindo mal pelo fofo estar sentado na mesa com outra mulher (no caso, eu), conversando com ela, e de ter, inclusive, a convidado para a festa.

Peguei minha amiga pela mão e saí com uma indignação tão grande que fui atropelando todo mundo na minha frente. Cheguei na frente da casa para pedir o Uber, e não é que ele, não satisfeito com toda a situação, ainda veio atrás de mim para conversar?

A cena final, contada pela minha amiga, porque eu realmente não me lembro como foi: eu, muda, ele parado na minha frente tentando se explicar e colocando a culpa no fato de que eu disse que poderíamos ser amigos - oi, querido, eu to flertando com você a noite toda, porra - e a amiga dele puxando ele pelo braço porque atrás estava a querida que ele tinha um rolo ainda mais puta do que eu. 

"A gente se prometeu que pelo menos seríamos amigos", diz ele. 

Eu não lembro muito bem o que respondi, mas lembro que pisei na minha carteira de feminista nessa noite, e disse que achava melhor não. Dei tchau e entrei no Uber com tanta raiva - por ter me exposto, por ter ficado vulnerável em uma situação que até hoje não entendo como e porque ele construiu. 

Nunca mais nos falamos

Essa foi a minha primeira experiência com um aquariano e confesso que fiquei levemente traumatizada. Zero generalizando, esse texto é apenas uma experiência pessoal que, tenho certeza, ele deve ter tido a mesma comigo.

Afinal, nem toda ariana, mas talvez… nunca mais uma ariana

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