pelo menos a trilha sonora era boa

Tudo parecia muito bom com o Rio de Janeiro de fundo na história… Até que não foi. Mas pelo menos a trilha sonora era boa.

Era uma daquelas noites quentes na medida perfeita do Rio de Janeiro, em meados de agosto. Duas amigas - de um grupo de quatro - estavam sentadas em um dos restaurantes mais amados e cool do RJ: o Pope, que fica em uma daquelas ruas charmosas de Ipanema.

Uma delas tinha ficado solteira há uns dois meses e a outra estava em um relacionamento sério por anos - muito bem resolvida e amada, e sempre parceira para dar bons conselhos sobre a vida amorosa alheia. Papo vai, drinks também, a amiga casada levanta aquela frase motivacional às 22h30 de uma quinta feira: "Você está no Rio de Janeiro, viemos para um festival e deve estar cheio de homens aqui. Baixa o aplicativo e vamos achar alguém."

Sim, esse grupo de amigas tinha ido pro Rio de Janeiro para o festival Doce Maravilha e, especialmente, para ver o Caetano Veloso tocando o álbum Transa, que fazia 50 anos de lançamento. 

Juntas elas baixaram o aplicativo, e claro que a amiga solteira pediu para que a casada colocasse o que ela achava que a interessava em homens - visto que não tinha condições nenhumas de dizer algo sobre si mesma e muito menos entender qual era o estilo de homem dela depois de provar quase toda a carta de drinks do bar.

Arte. Música. Viagem. Ambientalismo. De esquerda.

Eis que o algoritmo entrega tudo: risadas, choques, homens com nome de Chico com uma foto ao lado do Gilberto Gil, enfim, tudo o que os INTERESSES selecionados pela suposta amiga conseguiram entregar. 

- Esse aqui é bem bonitinho.
- Gostei também.

Trocaram mensagens e, para a surpresa, até então boa, ele também estava no Rio para o festival. Trocaram números e combinaram de se encontrar no dia seguinte.

Era uma sexta-feira de sol e o assunto da praia era o fato de que a amiga tinha marcado esse "date" no festival. De todas, ela era a menos empolgada. Na verdade, ela estava até com um certo pânico de ter tomado todas aquelas decisões influenciadas pela amiga e pelo álcool (quem nunca?).

Seriam dois dias de festival: sexta e sábado. Sexta-feira foi uma noite linda, e apesar de não ter encontrado o cara, ela fez o que realmente queria: estar com as amigas. 

No sábado, chegaria a quarta amiga. Aqui um ponto engraçado: ela estava esquiando no Chile e viria diretamente da neve, sem nenhuma roupa de verão para o Rio, aceitando um convite de última hora das parceiras e seguindo o briefing: viver sem planejamento é a melhor coisa. Outra questão importante a se dividir aqui é que todo o grupo tem aquela amiga que é um catalisador de coisas extraordinárias - para o bem e para o caos - e a esquiadora é uma delas. 

Eis que ela chega no Rio e o tempo fecha. Às 16h elas estavam indo de capa de chuva no uber, às 19h a prefeitura anunciava um ciclone na cidade (deu pra entender?).

Mas volta pro assunto do date com a gente. 

Ah, um ponto importante e que passou despercebido por aqui: o cara tinha duas questões, ele não morava no Brasil, estudava for e era mineiro (a gente sempre gosta de dividir quando são mineiros porque os homens ganham uns 5 pontos a mais por isso, mas ok, isso é assunto para outra news meninas).

No segundo dia ela estava mais a fim de encontrar ele. Quebrar logo essa expectativa de primeiro encontro pós-término e, se fosse ruim, teria outras dez mil pessoas pra ela se esconder ou fingir ter se perdido. 

Eram 20h, o vento e a chuva eram assustadores e, com barro até os joelhos, elas estavam esperando o show do Caetano começar. Bom, não começou. Em função do tempo eles tiveram que mudar toda a programação e ele fecharia a noite. OK, foi superado e o Marcelo D2 entrou para fazer o show.

Elas estavam na lateral do palco, e eis que ela olha pro lado e vê quem? Ele. Mas não apenas ele, era ele AOS BEIJOS com uma mulher que, pasmem, era uma sósia da chefe dela na época, com a mesma calça que a chefe dela usava. 

Calma, não era a chefe dela, mas foi uma situação tão estranha que ela piscou umas 10 vezes para ter certeza que aquilo estava mesmo acontecendo. E, como se a situação toda não pudesse piorar, ela e a amiga catalisadora de situações extraordinárias estavam rindo da situação quando chega um cara e diz a seguinte frase para a amiga:

- Esse cara (o D2) é um gênio. Inventou o samba com o rap e agora tá fazendo isso com o rock. 

Foi o jeito dele de flertar com a amiga esquiadora/catalisadora. Mas agora a melhor informação de todas: o tal "D2 é um gênio" era o melhor amigo do flerte desastroso.

A situação só ficava pior. Chuva, frio, barro, o flerte beijando a sósia da chefe e o melhor amigo do cara flertando com a amiga ao lado dela. 

Parece mentira, mas não é. 

À 1:30 da manhã, ela e as amigas quase tiveram uma hipotermia. No Rio de Janeiro - de todos os lugares do mundo. Ela não beijou o cara, mas teve o privilégio e experiência de ver o Caetano cantando um dos álbuns preferidos da vida, ao lado de três amigas que também são suas preferidas da vida. 

No dia seguinte eles trocaram mensagens e ela disse que viu ele com outra, ele estava no hospital por toda a chuva e frio que tomou, afirmando que não a viu. Será?

Ela voltou para São Paulo com vontade de contar essa história para todo mundo, inclusive para chefe, rindo com as amigas de todos os perrengues - de amor e da viagem.

Ficamos sabendo que ambos se seguem até hoje no Instagram e que ela, que antes achava ele apenas um combinado de atribuições que a outra amiga tinha escolhido, agora acha ele um cara interessante - apesar de toda a confusão. 

Quem sabe depois dessa news não sai - finalmente - um date entre os dois?

Seria um bom final para essa história, não?

Bom, esperamos que sim.